quarta-feira, 30 de setembro de 2009


CONFISSÕES DE UM TERAPEUTA.

Confissões de Um Terapeuta
Vânia Crelier




Eu, terapeuta, confesso.
(entre três paredes e uma janela de verde)
que ando cheia de perguntas
sem respostas.

Eu, terapeuta, confesso.
que as vezes fico cansada
quero apenas deitar ao sol
ou namorar a lua.

Mas, as vezes, estou aberta
À procura de quem venha.

Que venham então os infelizes
os chorosos, os perdidos. Ou aqueles desencontrados
(com certa vontade de se encontrar ).

Que me procure os “sadios”.
(cuja a vida se esvai entre os dedos).
Ou aqueles carregados de doenças
(que nem sabem que provocam).

Que me procurem os loucos
(mas antes digam:
que é loucura?..
que muitas vezes não sei!).

Eu, terapeuta, confesso.
Que foi vivendo a loucura,
Entre os gritos de desespero
que descobri a vida.

Que me procurem os fingidos
que brincam de nunca ser ....
Ou aqueles que querem ser ......
E não podem.

Eu, terapeuta, confesso.
Que me vejo artista,
pinto quadros de alma
(inclusive a minha).

Eu, terapeuta, confesso.
Que cometi pecados...
Tantos.
E foi pecando tanto
que aprendi.

Eu, terapeuta, confesso.
Que gostaria de ter
sua receita de vida,
quando você chegasse.

TUDO PRONTO!

Mas, confesso que não tenho.
Nunca acerto na medida,
por mais que olhe a cozinheira
só aprendo ...
fazendo.

Eu, terapeuta, confesso,
que não sei o que é loucura
( se escapei de ser internada, foi sorte!).

Por isso,
você que é louco
(ou lhe dizem, ou você acha ...)
cuidado!
Estar louco pode estar sendo
sua única possibilidade
de estar vivo!

Ou você que esta certo
de que tudo anda nos eixos,
tua vida nos trilhos certos,
cuidado!
Você pode estar morto
e nem sabe!

* * *

Você diz que
sou louco...
Não sabe?...
foi o bem maior
que a vida me deu!
A loucura
me trouxe
a magia da vida...
E você,
que pretende?
Ferrugem
nas veias?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Confiar pra que?


Estou aqui em casa refletindo, pra variar.

E o que tem vindo muito à tona nos últimos tempos é a incompatibilidade entre o sentir e o ver.

Claro que a visão é uma forma de perceber, mas o que fazer quando o que vemos não "bate" com aquilo que sentimos no nosso coração?

Uma vez ouvi uma pessoa dizendo que os olhos servem apenas para enxergar as pequenas coisas, pois as grandes mesmo, enxergamos com o coração.

Independente do tamanho do quer queremos conhecer, acredito que todos os sentidos contribuem para uma melhor percepção. Porém, repito minha indagação de hoje: o que fazer quando vejo algo que difere do que minha intuição diz?".

Em qual das vias eu confio? Ou melhor ainda, por que eu quero tanta confiança? Seria segurança? Por que querer certezas, se a vida é uma constante surpresa?

Ao invés de tentar descobrir em qual dos recursos internos confiar, que tal desfrutar das oportunidades e das sensações oferecidas por elas?

Até porque, o ser humano é dinâmico, e o que hoje nos agrada, pode não nos agradar amanhã, isso é natural, e sem essa naturalidade eu não "vejo" VIDA.

Viva, e não deixe de confiar em você, na realização dos seus sonhos, nas suas sensações por mais distintas que parecerem ... são suas, são sinais da vida lembrando-o do quanto vale a pena prosseguir nesta caminhada, aprender, ensinar, trocar, e descobrir que por mais conhecimento que tenhamos, sempre teremos algo a aprender, até mesmo o que a diferença entre o que eu sinto e o que vejo pode contribuir ainda mais com minha felicidade.

Bom feriado a todos!
Cordialmente,
Luciana Avrati.